Imagem por ressonância magnética
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Exame de R.M., do topo do cérebro à base. O pequeno ponto em cima à esquerda é uma cápsula de Vitamina E, que serve de orientação na compilação das imagens.
Índice
- 1 Histórico
- 2 Princípios Básicos de Ressonância Magnética Nuclear
- 3 Ressonância Magnética Nuclear do Estado Sólido
- 4 RMN e a dinâmica do movimento molecular
- 5 Espectroscopia de ressonância magnética nuclear
- 6 Spin e momento angular
- 7 Sequência spin-echo
- 8 Imageamento biológico
- 9 Técnicas de RMN no Estado Sólido
- 10 Notas
- 11 Notas
- 12 Referências
- 13 Ligações externas
- 14 Ver também
Histórico
Pioneiros da Ressonância Magnética Nuclear
Em 1937, o físico austro-norte-americano Isidor Isaac Rabi (1898-1988) apresentou na Physical Review 51 (p. 652) uma nova técnica para medir momentos magnéticos nucleares.Nessa técnica, dois campos magnéticos fortes não homogêneos desviam um feixe molecular em sentidos opostos, produzindo um efeito de focalização.1
Por outro lado, no meio da trajetória do feixe, um campo magnético forte homogêneo produz uma freqüência de larmor nos núcleos das moléculas do feixe, no mesmo instante em que um campo magnético alternado fraco é aplicado ao feixe.
Assim, se esse campo estiver em ressonância com a freqüência da precessão larmoriana, o núcleo ressonante é lançado fora de sua trajetória normal. Essa técnica de Rabi ficou conhecida como Ressonância Magnética Nuclear (Nuclear Magnetic Resonance).
Rabi e seus colaboradores, os físicos Zacharias, S. Millman e Polykarp Kusch (1911 -1993) realizaram experiências nas quais mediram o momento magnético do Lítio (Li) , e que foram relatadas, em 1938, na Physical Review 53 (p.318) divulgando um artigo que mostrou sem dúvida a primeira observação de RMN.1
Em 1944, o Prêmio Nobel de Física foi concedido para Rabi por seus trabalhos pioneiros sobre Ressonância Magnética Nuclear. Estimulado pelos físicos alemães Otto Stern e Immanuel Estermann, em 1933 na qual foi medido o momento magnético do Próton.
Em 1939, Felix Bloch e o físico norte americano Luis Walter Alvarez (1911-1988) mediram o momento magnético do neutron, usando uma adaptação da técnica de Rabi (1937) a um intenso feixe de neutrons oriundos de um cíclotron. O desvio magnético da técnica de Rabi foi substituído por um efeito de “polarização” desse feixe.
Em 1942, Cornelis Jacobus Gorte e L. F. J. Broer publicaram na Physica 9 o resultado de uma experiência na qual tentaram, sem sucesso, medir ressonâncias nucleares.
Em 1945, o físico russo E. Zavoisky apresentou no Fiziologiocheskii Zhurnal 9 o resultado de experiências, nas quais observou a ressonância magnética nuclear ao aplicar um campo magnético uniforme a sais (Cobre e Manganês) contendo íons divalentes.
Em 1946, os físicos norte-americanos Edward Mills Purcell (1912-1997), Henry Cutler Torrey (1911-1998) e R. V. Pound e, independetemente, Félix Bloch (1905-1983), W. W. Hansen e M. Packard publicaram artigos, respectivamente, na Physical review 69, nos quais anunciaram que haviam descoberto efeitos de ressonância magnética nuclear em sólidos e líquidos.
Na experiência realizada por Purcell, Torry e Pound o método utilizado foi o de obter a subtração de energia a um campo magnético oscilante por núcleos sujeitos a um campo magnético forte e fixo, método esse capaz de medir a freqüência de Larmor, que é importante para a determinação do momento magnético dos núcleons.
O material por eles utilizado foi a parafina, a qual contém muitos prótons, que neste caso há dois níveis de separação da freqüência v. Por sua vez, Bloch, Hansen e Packard utilizaram um método semelhante descrito acima; porém, eles detectaram a ressonância magnética nuclear pela intensidade máxima de sinais induzidos em uma bobina detectora perpendicular quer ao campo magnético fixo, quer ao campo magnético oscilante.
Em 1947, os físicos norte-americanos John Elliot Nafe (1914-1996) e Edward B. Nelson, e o austro-norte-americano Isidor Isaac Rabi publicaram um artigo na Physical Review 71, no qual apresentaram o resultado de uma experiência que indicava ser o momento magnético do elétron (µe) um pouco maior do que o Magnetão de Bohr (µ0). Resultado análogo a esse foi apresentado por D. E. Nagel, R. S. Julian e J. R. Zacharias na Physical Review 72, ambos eram trabalhos que falavam sobre estruturas hiperfinas.
Princípios Básicos de Ressonância Magnética Nuclear
A Ressonância Magnética Nuclear como todas as formas de espectroscopia, trata-se da interação da radiação eletromagnética com a matéria.2 Entretanto, RMN diferencia-se da espectroscopia óptica em vários aspectos fundamentais, tais como:primeiro, a separação entre os níveis de energia
Sendo que o efeito de RMN ocorre para núcleos que possuem momentos magnéticos e angulares
Os núcleos apresentam momentos magnéticos e angulares paralelos entre si, respeitando a expressão
O momento angular
onde
A separação entre os níveis de energia
Na espectroscopia de RMN é possível controlar a radiação eletromagnética (faixa de radiofreqüência ou RF) e descrever a interação desta radiação com os spins nucleares do sistema. Isto contribui em grande parte para o desenvolvimento do grande número de técnicas utilizadas em RMN. Quase todos os elementos químicos têm ao menos um isótopo com um núcleo atômico que possui momento magnético, e quando este é colocado em um campo magnético externo, e a ele for aplicada uma excitação com freqüência igual a sua freqüência de precessão
Ressonância Magnética Nuclear do Estado Sólido
Entretanto, várias interações podem deslocar a freqüência da transição ou desdobrar uma transição em vários picos.
Em conseqüência da complexidade de suas estruturas moleculares ou por causa da pequena diferença entre unidades isoméricas, a investigação da moléculas e macromoléculas no estado sólido requer boa resolução espectral.
Os deslocamentos químicos no espectro de RMN são muito sensíveis à estrutura e conformação da molécula, às interações intermoleculares, à troca química, mudanças de conformação e os tempos de relaxação são sensíveis à dinâmica molecular.
Por estes motivos, Ressonância Magnética Nuclear do estado sólido é uma espectroscopia muito útil ao estudo de polímeros.
Interações de RMN do Estado Sólido
Experimentos de Ressonância Magnética Nuclear com amostras no estado sólido apresentam resultados diretamente relacionados com as propriedades físicas dos sistemas estudados. A representação da energia dos spins nucleares em experimentos de Ressonância Magnética Nuclear é expressa pelo operador Hamiltoniano. Assim, o Hamiltoniano de spin nuclear que descreve as interações que definem a posição e a forma da linha espectral pode ser decomposta em uma soma de várias interações e assume a seguinte forma:Sendo Hz e HRF as interações Zeeman e de radiofreqüência respectivamente, consideradas interações externas. pois são definidas pelos campos magnéticos estático, gerado pelo magneto supercondutor, e de RF, gerado pelas bobinas onde é inserida a amostra. As interações externas associadas ao acoplamento do momento magnético de spin
Interação Zeeman
O Hamiltoniano Zeeman, representa o acoplamento do momento magnético nuclearsendo esta a equação fundamental de RMN, uma vez que sem o efeito Zeeman não pode haver espectroscopia de RMN].1
Representando o efeito Zeeman classicamente por:
Demonstrando o operador Hamiltoniano a partir do valor acima, temos:
Dependendo do valor de mI , designado por número quântico magnético, tem-se:
e a diferença de energia entre os dois estados é
sendo que ∆E=hv ,e igualando esta quantidade com
Na realidade, quando uma amostra é colocada na presença de um campo magnético
A partir da Mecânica Estatística tem-se que a razão entre estas distribuições de energia é dada pela distribuição de Boltzmann:
Tomando a intensidade do campo magnético da ordem de 1 Tesla, a temperatura da amostra em torno da temperatura ambiente, T ≈ 300K, e o fator giromagnético do núcleo do átomo de Hidrogênio,
Como
Interação dos Sistemas de Spin e RF
Transições entre níveis de energias de um sistema de spins podem ser realizadas excitando os núcleos de um dado sistema por meio da aplicação de um campo magnético oscilante com freqüência adequada (faixa de MHz ou r.f.) para promover transições de spins entre os níveis de energia Zeeman. Sendo ω1 freqüência de oscilação do campoO efeito de HRF é induzir transições entre os auto-estados de α→β , com probabilidades por unidade de tempo dada pela regra de ouro de Fermi:
A expressão da probabilidade é tanto maior quanto maiores forem o fator giromagnético do núcleo em questão e a intensidade do campo de r.f. de excitação; a função δ, centrada na freqüência de Larmor, garante que o campo
Interação Dipolar
O acoplamento entre os spins nucleares através dos seus momentos dipolares magnéticos, é representado pelo hamiltoniano dipolar que é expresso pela seguinte equação1 :onde
Este é o campo produzido por um dipólo µI e a energia de interação com outro dipólo µS a um ponto onde o campo magnético é dado por BI é
Substituindo (A) em (B), temos
o análogo quântico é
onde
Interação Quadrupolar
As interações quadrupolares estão presentes somente quando núcleos com spin I > ½ estão envolvidos. Tais núcleos possuem uma distribuição assimétrica de cargas elétricas e interagem com os gradientes de campo elétrico presente na amostra.A interação elétrica entre este quadrupolo e o ambiente eletrônico encurta o tempo de vida dos estados magnéticos (α e β) de spin nuclear, resultando também no alargamento da linha de ressonância.
Sendo esta interação importante se o núcleo tiver spin I >1/2, com um momento quadrupolar eQ. Neste caso o Hamiltoniano para um só spin I quadrupolar será:
Onde
RMN e a dinâmica do movimento molecular
A dinâmica molecular apresenta importantes efeitos nas propriedades mecânicas e físico-químicas de moléculas, tais como no comportamento de materiais amorfos, condução em polímeros, na contribuição da classificação de alimentos naturais, na classificação de resinas, na caracterização de amidos, etc. Os processos de relaxação da magnetização são causados devido ao movimento molecular, e as taxas de relaxação medidas podem ser relacionadas com o tempo τc .A medida da taxa de relaxação provê informações sobre a dinâmica molecular em vários regimes de freqüência, onde pode-se medir os tempos de relaxação T1,T2 e T1ρ, e com isso, consegue-se estudar diferentes movimentos que ocorrem com uma distribuição de freqüências.
Em RMN podemos classificar o estudo da dinâmica do estado sólido em três etapas: rápida, de correlação característico do movimento, intermediária e lenta. Movimentos rápidos, com freqüências da ordem de MHz, podem ser detectados por meio de experimentos de relaxação spin-rede (T1).1
A dinâmica intermediária, com taxas entre 10 - 100 kHz, pode ser caracterizada por experimentos de análise de largura de linha e técnicas de relaxação como T1ρ (relaxação spin-rede no referencial rotante).
Sistemas que envolvem processos dinâmicos lentos (0.1 - 1000 Hz), as informações podem ser obtidas através de experimentos de RMN de Exchange, onde os movimentos moleculares lentos são observados em termos de mudanças na freqüência de RMN, a qual reflete diretamente mudanças na orientação dos segmentos moleculares. Na Figura é esboçado os parâmetros de relaxação e seu regime de freqüências.
Espectroscopia de ressonância magnética nuclear
Em espectroscopia, o processo de ressonância magnética é similar aos demais. Pois também ocorre a absorção ressonante de energia eletromagnética, ocasionada pela transição entre níveis de energia rotacionais dos núcleos atômicos, níveis estes desdobrados em função do campo magnético através do efeito Zeeman anômalo.Como o campo magnético efetivo sentido pelo núcleo é levemente afetado (perturbação essa geralmente medida em escala de partes por milhão) pelos débeis campos eletromagnéticos gerados pelos eletrons envolvidos nas ligações químicas (o chamado ambiente químico nas vizinhanças do núcleo em questão), cada núcleo responde diferentemente de acordo com sua localização no objeto em estudo, actuando assim como uma sonda sensível à estrutura onde se situa.
Magnetismo macroscópico e microscópico
O efeito da ressonâncita magnética nuclear fundamenta-se basicamente na absorção ressonante de energia eletromagnética na faixa de freqüências das ondas de rádio. Mais especificamente nas faixas de VHF.Mas a condição primeira para absorção de energia por esse efeito é de que os núcleos em questão tenham momento angular diferente de zero.
Núcleos com momento angular igual a zero não tem momento magnético, o que é condição indispensável a apresentarem absorção de energia electromagnética. Razão, aliás, pertinente a toda espectroscopia.
A energia electromagnética só pode ser absorvida se um ou mais momentos de multipolo do sistema passível de absorvê-la são não nulos, além do momento de ordem zero para electricidade (equivalente à carga total).
Para a maior parte das espectroscopias, a contribuição mais importante é aquela do momento de dipolo. Se esta contribuição variar com o tempo, devido a algum movimento ou fenômeno periódico do sistema (vibração, rotação, etc), a absorção de energia da onda electromagnética de mesma freqüência (ou com freqüências múltiplas inteiras) pode acontecer.
Um campo magnético macroscópico é denotado pela grandeza vetorial conhecida como indução magnética B (ver Equações de Maxwell). Esta é a grandeza observável nas escalas usuais de experiências, e no sistema SI é medida em Tesla, que é equivalente a Weber/m3.
Em nível microscópico, temos outra grandeza relacionada, o campo magnético H, que é o campo que se observa a nível microscópico. No sistema SI é medido em Ampere/m.
O vetor dipolo magnético μ é um dos momentos de multipolo magnéticos 2 e é dado matematicamente por
onde
- m é o polo magnético
- l é o vetor distância entre os polos do sentido S → N
M é, portanto, uma grandeza intensiva.
No vácuo, existe uma relação matemática entre o vetor B e o vetor H:
onde
Para meios materiais, a relação válida é a seguinte:
Spin e momento angular
Rigorosamente, núcleos não apresentam spin, mas sim momento angular (excepção feita somente ao núcleo do isótopo 1 do hidrogênio, que é constituído por um único próton). Embora o spin possa ser considerado um momento angular, por terem ambos as mesmas unidades e serem tratados por um formalismo matemático e físico semelhante, nem sempre o oposto ocorre. O spin é intrínseco, ao passo que objetos compostos tem momento angular extrínseco.Contudo, motivos históricos e continuado costume levaram a esse abuso de linguagem, tolerado e talvez tolerável em textos não rigorosos. Um motivo a mais de complicação é o fato de que a moderna física de partículas considerar que certas partículas, antes pensadas como elementares (e portanto possuindo spin), sejam compostas (próton e nêutron compostos de quarks). Assim, fica um tanto impreciso o limite entre os casos onde se deva usar o termo spin e os casos onde se deva usar o termo momento angular.
Sequência spin-echo
Em 1950, Erwin Hahn apresentou na Physical Review 80 o resultado de uma experiência sobre ressonância nuclear. Esse experimento é conhecido como “Spin Echo”.1A sequência Spin-Echo de Hahn é descrita da seguinte forma:
sendo esta uma das sequência de pulsos mais importantes na espectroscopia de RMN. O experimento Spin-Echo causa o cancelamento de todas os efeitos que resulta de diferentes freqüências de Larmor, incluindo os de deslocamentos químicos e efeito produzido pelo campo magnético não uniforme através da amostra.
A utilização do experimento de Spin–Echo facilita a medição do parâmetro T2 (ver Relaxação (RMN)), que está sujeito a dificuldades, mesmo no caso de um único conjunto de spins nucleares idênticos.
Este consiste em realizar a refocagem das isocromatas de spin através de pulsos de 90º repetidamente.
Em 1954, H. Y. Carr e E. M. Purcell publicaram na Physical Review 94 um trabalho que estendeu um pouco mais a sequência de pulsos de Hahn, conhecida como sequência de Carr-Purcell. Esta sequência de pulsos também gera eco e é consideralvelmente mais fácil de visualizar do que a sequência de Hahn.
A sequência de pulsos Carr-Purcell é realizadas da seguinte forma
podemos visualizar esta sequência de pulso pelo gráfico em 3D adaptado do respectivo trabalho na figura.
Imageamento biológico
A técnica da ressonância magnética nuclear é usada em Medicina e em Biologia como meio de formar imagens internas de corpos humanos e de animais, bem como de seres microscópicos (como no caso da microscopia de RMN). É chamada de tomografia de ressonância magnética nuclear ou apenas de ressonância magnética. Consiste em aplicar em um paciente submetido a um campo magnético intenso, ondas com freqüências iguais às dos núcleos (geralmente do 1H da água) dos tecidos do corpo que se quer examinar. Tais tecidos absorvem a energia em função da quantidade de água do tecido. Entretanto, para se localizar espacialmente o grupo de núcleos de hidrogênio, é mister se empregar um meio de se diferenciar o campo, impondo-lhe gradientes segundo certas direções.Para imageamento de uma amostra, é necessário que a aparelhagem coloque a aquisição de sinal em função da posição. Esta função matemática é de
Os SPINs, tem o seu movimento em seu proprio eixo (ex: como pião),quando um atómo de hidrogênio e posto em um campo magnetico, os spins que esta dentro dele tende a se orientalo em direção do campo magnetico paralelo.
Técnicas de RMN no Estado Sólido
Magic Angle Spinning – MAS
Através deste experimento Lowe conseguira observar as linhas de RMN das amostras sólidas rodando a uma velocidade angular ωs e conseqüentemente apresentavam bandas laterais “aguçadas ou finas como ele dizia” à freqüências ωs.
Estas bandas laterais provinham da modulação da linha de ressonância que por sua vez eram adicionados as extremidades da linha de RMN. A contribuição do movimento das extremidades era fraca para ser observada, por causa dos movimentos internos que possuem uma vasta freqüência espectral.
Esta técnica que ele utilizara foi antes divulgada por ele juntamente com Norberg em 1957 na Physical Review.
A medida das linhas das amostras girante (spinning) foi realizada pela observação do FID utilizando como standard o aparelho de Spin-Echo de Hahn. As amostras foram giradas a 7 Kc (Kcycles/sec = KHz) usando rotores (7 mm) em drivers com turbinas de ar. A orientação da amostra pode ser variada em relação ao campo aplicado H em θH = θº 54,7º e 90º.
Os resultados mostraram que os espectros de ressonância para as amostras girantes (spinning) e não-girantes (nonspinning) apresentaram os mesmos decaimentos de indução livre (FDI)nota 1 , quando colocadas a um ângulo θH = θº ,mas quando estas foram colocadas sob θH = 54,7º os FIDs apresentam uma série de “echos rotacionais”a Ts,2Ts,etc. Para θH = 90º , o FID foi visto como uma linha não resolvida.1
Dupla Ressonância
Em 1962, os físicos S.R. Hartmann e Erwin Hahn publicaram o célebre trabalho sobre “ dupla ressonância” na Physical Review , mais tarde referenciada como “ condição de Hartmann-Hahn”, que estabelece a relação entre um núcleo abundante (a) e um núcleo raro (b) no eixo rotatório para o mesmo tempo da dupla ressonância.Polarização Cruzada
Em 1973 Pines, Gibby e Waugh divulgaram um trabalho no Journal of Chemical Physics, o qual tratava em relatar o ganho de sensibilidade de um dado núcleo raro S através da transferência de polarização de um núcleo abundante I.A técnica Polarização Cruzada - CP, consiste em otimizar os problemas relacionados com baixa abundância natural de núcleos raros.
O efeito do CP é provocar um aumento da magnetização de núcleos raros do tipo 13C em favor de núcleos abundantes, 1H, facilitando (diminuindo) a relaxação (RMN) spin-rede (T1) e melhorando (aumentando) a relação sinal/ruído , num fator γH/γC ≈ 4 .
Neste caso os núcleos abundantes I aproximam-se de um reservatório térmico, e a sua transferência de polarização para o núcleo raro S se dá por processo favorável, de natureza termodinâmica.
Quando ambos os sistemas de spins apresentarem as mesmas freqüências angulares ω1 (=γB1) obtidas através do ajuste da intensidade B1 no sistema de coordenadas girantes, a condição de Hartmann-Hahn é satisfeita, e a transferência de polarização é permitida.1
O sistema girante de coordenadas é um sistema que gira com a freqüência de ressonância de cada núcleo em particular em torno de
O único campo magnético que age sobre cada spin é o campo de RF estático, neste referencial, e tem o mesmo papel de
Neste caso, pode-se observar que a condição de Hartmann-Hahn significa que os dois núcleos terão a mesma freqüência de Larmor em seus respectivos sistemas girantes de coordenadas, ω1H = ω1C
Desacoplamento Dipolar
Spins nucleares apresentam um momento de dipolo, que interage com o momento de dípolo de outros núcleos (acoplamento dipolar). A magnitude da interação é dependente dos tipos de rotação (spin), a distância internuclear e a orientação do vetor que liga os dois spins nucleares em relação ao campo magnético externo B (ver figura). O acoplamento máximo dipolar é dada pelo acoplamento dipolar constante , representado por dem que r é a distância entre os núcleos, e γ1 e γ2 são os quocientes giromagnéticos nota 2 dos núcleos. Em um forte campo magnético, o acoplamento dipolar depende da orientação do vector internuclear com o campo magnético externo
Consequentemente, dois núcleos com um vector de acoplamento dipolar a um ângulo de θm=54.7° a um forte campo magnético externo, o qual é o ângulo em que D se torna zero, tem acoplamento dipolar equivalente a zero . θm é chamado de ângulo mágico.
Formação das imagens de Ressonância Magnética
Para construir uma imagem o elemento chave é saber de que região da amostra provém cada sinal de RMN adquirido. Aproveitando a relação de Larmor, Lauterbur , em 1973, usou um campo magnético com comportamento espacial conhecido para “codificar” o sinal de ressonância magnética. Desta forma foram obtidas as primeiras imagens de RMN , com o método de back projection, já utilizado na tomografia de raio X.
Em 1975, Richard Robert Ernst e colaboradores propuseram realizar uma codificação completa usando o formalismo da transformada de Fourier (TF), levando em consideração a freqüência e a fase do sinal. Pouco depois, muitos outros trabalhos pioneiros mostraram, na prática, a viabilidade desta técnica usada até hoje.1
Gradientes de campo magnético
O novo elemento codificador do sinal é um campo magnético não homogêneo e variável no tempo. Este campo tem uma componente paralela ao B0 (eixo z) com dependência espacial linear, que é sobreposta ao mesmo. Para poder representar as 3 orientações espaciais de um objeto, são utilizados os gradientes de campo nas 3 direções ortogonais (Figura 6).
As bobinas encarregadas de gerar esta distribuição de campo são denominadas bobinas de gradiente. Desta maneira, a componente z do campo resultante fica expressa como:
Assim, cada conjunto de spins localizados em uma posição diferente, terá uma freqüência de precessão diferente, dada pela expressão:
A freqüência de precessão não é a única variável que passa a ter uma dependência espacial. Após um dado tempo de aplicação de qualquer gradiente, o acúmulo de fase também será uma função da posição. Deste modo, estas duas variáveis formam as bases da codificação espacial (Figura).
O gradiente de campo introduzido corresponde ao termo
Notas
- Ver Multiplicidade
- Para campos magnéticos, só subsistem os momentos de multipolo de ordem par, pelo motivo de que inexistem monopolos magnéticos (até onde se saiba, embora as buscas existam, baseado em argumentos quanto-mecânicos) em sistemas ressoantes as perdas por efeito joule são significativas, o que constitui as características não lineare do eletron, já que seu spin é de origem quantica.
Notas
- Na RMN de Fourier, um decaimento de indução livre (FID) é o sinal de RMN observável gerado pelo não equilíbrio do spin nuclear sobre a precessão de magnetização do campo magnético (convencionalmente ao longo da coordenada z). Esta magnetização não equilibrada pode ser induzida, em geral, através da aplicação de um impulso de rádio-frequência ressonante perto da freqüência de Larmor dos spins nucleares.
- Na física, o rácio giromagnético de uma partícula ou de um sistema é a razão entre o seu momento de dipolo magnético ao seu momento angular, e é muitas vezes indicado pelo símbolo γ, gama.
Referências
- Bathista, André Luis Bonfim Bathista e Silva. In: André Luis Bonfim .Bathista e Silva. Elementos Históricos de Ressonância Magnética Nuclear: Ressonância Magnética Nuclear (em português). 1 ed. Instituto de Física de São Carlos: [s.n.], 2013. 48 pp. 1 vol.
- Bathista e Silva, André Luis Bonfim. In: André Luis Bonfim. Bathista. Princípios Básicos de Ressonância Magnética Nuclear do Estado Sólido: Ressonância Magnética Nuclear (em português). 1ªEdição ed. Instituto de Física de São Carlos: [s.n.], 2005. 48 pp. 1 vol.
- Victor M.S. Gil e Carlos F.G.C. Geraldes - Ressonância Magnética Nuclear - Fundamentos, Métodos e Aplicações - Fundação Calouste Gulbenkian - Coimbra - Portugal - 1987
- R. K. Harris e E.B.Mann - NMR and the Periodic Table - Academic Press - London -1978
- R. K. Harris - Nuclear Magnetic Resonance Spectroscopy - A Physicochemical View - Longman Scientific & Technical -Essex -England
- J. W. Hennel e J. Klinowski - Fundamentals of Nuclear Magnetic Resonance - Longman Scientific & Tecnical - Essex - England - 1993
- J. Mason (Editor) - Multinuclear NMR - Plenum Press - New York -1989
- Jasper D. Memory - Quantum Theory of Magnetic Resonance Parameters - McGraw-Hill Book Co. - New York - 1968
- A. I. Popov e K. Hallenga - Modern NMR Techniques and Their Application in Chemistry - Marcel Dekker, Inc - New York - 1991
- P.Sohar - CRC Nuclear Magnetic Resonance Spectroscopy Vol. I, II e III - CRC Press, Inc - Boca Raton - Florida - USA
- Barry, C.D., North, A.C.T., Glasel, J.A., Williams, R. J.P., Xavier, A.V.(1971) Quantitative determination of mononucleotide conformations in solution using lanthanide ion shift and broadening NMR probes, Nature 232, 236-245
Ligações externas
- Imageamento Fourier em Ressonância Nuclear Magnética
- RNM animations (en)
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